terça-feira, 4 de setembro de 2012

O Renascimento e seu Produto


O Renascimento foi responsável pela grande mudança na produção das artes e dos produtos, começando a surgir nas cidades italianas, para depois, mais tarde se expandir para todo o resto da Europa.

Dentro da historia do design gráfico, o renascimento se tornou marcante pela inovação que trouxe à área do design de livros. O design de tipos, o layout de pagina, ornamentos, ilustrações e até mesmo o projeto global do livro em si sofreram mudanças e foram repensados pelos impressores e eruditos italianos.

Tendo como influência dos desenhos de protótipos do alfabeto romano de Sweynheyn e Pannartz e as margens grossas e decorativa dos primeiros livros franceses, começou o primeiro passo para os projetos de livros da era do Renascimento e para a inovação das tipos italianas.

O tipógrafo italiano conhecido como Johannes de Spira, dono a primeira gráfica de Veneza, descartou certas qualidades góticas encontradas nas fontes de Sweynheyn e Pannartz, e estabeleceu uma concepção mais original aos seus tipos romanos, publicando-os em seu primeiro livro, Epistolae ad Familiares (Cartas a familiares).  Em parceria com seu irmão, Vindelinus, a edição de Spira do livro de Santo Agostinho De Civitate Dei (A cidade de Deus), foi o primeiro livro tipográfico com numeração de páginas.

Tipos de Spira (acima) x Jenson (abaixo).




Após a morte prematura de Spira, tivemos a aparição de um francês chamado Nicolas Jenson, e foi o responsável por estabelecer a segunda gráfica de Veneza. Jenson tornou-se um designer de tipos famoso por ter utilizados os primeiros tipos no livro de Eusébio, De Praeparatione Evangelica (Preparação evangélica), tipos esses que apresentavam o florescimento do design de tipos romanos.


Os tipos de Jenson tinham como grande característica sua legibilidade, entretanto foi a sua habilidade de projetar espaços entre letras e no interior de cada forma para criar uma tonalidade mais homogênea na diagramação a página que lhe tornou reconhecido como gênio em seu trabalho. Jenson, assim como outros impressores, tiveram também a ideia de desenhar marcas registradas para identificar seus livros. 




Marca atribuída a Sociedade dos Impressores Venezianos - 1481.
 Marca atribuída ao impressor Laurentiuz de Rubeis - 1482.

 Marca atribuída ao impressor Padre Miguel - 1494.



Os designers do Renascimento gostavam bastante da decoração floral. Flores silvestres e vinhas eram aplicadas a mobila, arquitetura e também ao manuscrito. O layout das primeiras paginas de alguns livros era enfeitado com flores e ornamentos. Tais características decorativas eram inspiradas na antiguidade ocidental e em formas com padronagens derivadas das culturas islâmicas orientais. Essas molduras xilográficas e capitulares foram inovadas graças ao alemão Ratdolt, Mestre impressor de Augsburgo e que trabalhou em Veneza por dez anos com a ajuda de seu sócio, responsável pelo design das molduras, Bernhard Maier. 

Folha de rosto para Calendarium de Regiomontano - 1476. // Design criado por Erhard Ratdolt, Peter Loeslein e Bernhard Maier.


Os livros impressos durante o Renascimento tiveram desenhos de tipos e também de molduras e até gravuras criadas com a presença de leis matemáticas e princípios geométricos, exaltando assim o Humanismo existente nessa época.

 
Folha de rosto para De Natura Stirpum Libri Tres (Sobre a natureza das raízes. Livro três.) // Ilustração feita por Simon de Colines.


A era renascentista fora de grande contribuição para a melhoria no design gráfico graças as inovações geradas para a diagramação, produção tipográfica, temática abordada, as ilustrações criadas e o design do livro em geral. 

 
Por: Flávia Pimenta.


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